29/06/2013

Bom dia, todas as cores!

                                      

A menina que odiava livros

               

O casamento do Curió

                              

O encontro do Substantivo com o Artigo Feminino


Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se encontravam no elevador. Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e filmes ortográficos. O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados num vocativo, quando ele começou outra vez a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula; ele não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros.
Ela totalmente voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular. Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo o edifício.O verbo auxiliar se entusiasmou e mostrou o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois. Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido depois dessa, pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva.
Autora desconhecida.

02/06/2013

Mês junino





Vou contar nesse cordel
Dá gosto de relatar
Sobre a festa junina
Que é bastante popular
Na Europa ela surgiu
De lá veio pro Brasil
Para aqui se consagrar.

No Nordeste brasileiro
Virou mesmo tradição
Sempre cada vez mais forte
Ganhou nova versão
E de uma festa pagã
Foi transformada em Cristã
Em louvor a São João.

Conforme relata a Bíblia
E segundo a tradição
Esse uso da fogueira
Tem a sua explicação
Izabel promete avisar
Prima ao ver fumaça no ar
Foi o nascimento de João.

Antes era conhecida
Como festa Joanina
Mas passou a ser chamada
Também de festa junina
Sendo assim ampliada
Ficou logo consagrada
Na cultura nordestina.

Assim junho se transformou
Num mês todo festeiro
Também com santo Antônio
O santo casamenteiro
Com são Pedro a completar
Esse santo popular
Que do céu é o chaveiro.

Do Nordeste se espalhou
E ganhou todo Brasil
Em todo canto se ver
Como ninguém nunca viu
Está no Sul e Sudeste
No Norte e Centro Oeste
Sem perder o seu perfil.

Essa festa ta marcada
Pela grande animação
Tem fogueira e milho assado
Tem foguete e tem balão
Quadrilha pra todo lado
E xote baião e xaxado
Relembrando Gonzagão.

Tem muita coisa gostosa
Pra todo mundo comer
São pratos deliciosos
Que se tem a oferecer
Canjica, aluar, paçoca
Bolo de milho e tapioca
Muito quentão pra beber.

A grande festa da roça
Tomou conta da cidade
Arraiá pra todo lado
É grande a diversidade
Tem casamento caipira
Que no humor se inspira
Com toda criatividade.

Autor: Juarês Alencar Pereira.